Subdesenvolvimento Linear 

2016.



      

Aquarela e nanquim sobre papel. 61 x 61 cm.
2016.

Subdesenvolvimento Linear (2021) faz referência a dois mapas do Brasil, o primeiro deles foi elaborado como propaganda da política nacional da Marcha para o Oeste (1938) durante o governo Getúlio Vargas, influenciado pelo livro homônimo de Cassiano Ricardo, o programa voltou-se para o desenvolvimento e modernização do oeste do país através da migração de colonos e do avanço da fronteira agrícola.

Tal mapa é apresentado em forma de pôster trazendo a frase “O verdadeiro sentido de brasilidade é a marcha para o oeste” junto a um conjunto de setas que indicam um sentindo de colonização territorial que vai do litoral até o extremo oeste do Brasil. Assim, o mapa parece aludir a fabulação colonial do bandeirante que partia do litoral para explorar o interior do continente, substituindo a figura do colono pelo “trabalhador nacional”, representado nas caravanas e locomotivas presentes no mapa.

O segundo é o mapa Importação e Exportação (1955) presente no Atlas do Brasil, publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 1959 paralelamente a construção de Brasília. O mapa permite perceber uma concentração da compra e venda de diversos produtos e matérias-primas no litoral país, em contraponto a uma lacuna de informações sobre o interior do continente. Reiterando o discurso que propunha a construção de Brasília como solução da suposta inércia e improdutividade das áreas distantes do litoral.


“Subdesenvolvimento Linear” seleciona e sobrepõe elementos gráficos desses dois mapas, gerando uma nova cartografia. A suposta neutralidade do desenho técnico desses mapas simula uma fantasiosa unidade e harmonia do Estado-nação, ocultando os processos violência histórica articulados para a produção de um “sentido de brasilidade”. Dessa maneira, a obra propõe discutir as noções de desenvolvimentismo no brasil, que apesar de pautadas por uma modernização tecnicista atrelada a um ideal de desenvolvimento linear, tomaram a rudimentar mitologia colonial do bandeirante herói como enredo para seu empreendimento neocolonial.