Zona de conflito

Acrílico, aquarela e nanquim sobre papel Arches 300g. 100 x 100 cm.
2022.


Curt Nimuendajú (1883-1945) foi um etnólogo autodidata de origem alemã que por mais de quarenta anos viveu e percorreu o Brasil, convivendo com distintas comunidades dos povos originários, fazendo escavações, levantamentos topográficos e cartográficos, reunindo material linguístico, estudando a cultura material e espiritual indígenas.

Na década de 1940, Nimuendajú produziu artesanalmente três edições de seu mapa Etno- Histórico do Brasil e Adjacências, desenhados para o Museu Goeldi (1942), Smithsonian Institution (1943) e Museu Nacional (1945) no Rio de Janeiro. Sem desenhar o nome de países e das unidades federativas do Brasil, o mapa produzido com tinta sobre papel, documenta exaustivamente mais de 40 classificações linguísticas indígenas, bem como a localização de assentamentos existentes, extintos e abandonados, dentre outras referências sobre as distintas comunidades indígenas nesses territórios.

O Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendajú permite observar uma diversidade de dinâmicas e culturas originárias no interior do Brasil, contrastando diretamente com mapas e discursos do Estado Brasileiro que narravam essas regiões como áreas “vazias”, visão perpetuada em políticas como a Marcha para o Oeste (1938-1945) e posteriormente durante a construção de Brasília (1955-1960).

Assim, “Zona de conflito” (2022) se debruça sobre as disparidades narrativas entre diferentes mapas do Brasil, se apropriando dos padrões gráficos do mapa de Nimuendajú e os sobrepondo com mapas publicados pelo estado no âmbito das políticas de colonização do interior do país em meados do século XX.




Livro e mapa "Mapa Etno-Histórico do Brasil e Regiões Adjacentes". Reimpressão adaptada, 1987. IBGE.