Excedente Monumental
2020Excedente Monumental
EPS (Isopor), telas de poliéster, argamassa e barras de ferro. Dimensões variáveis.
2020.
“Excedente Monumental” surge de uma pesquisa que venho me dedicando desde 2017, chamada “Construção Brasileira”, em que investigo a apropriação de elementos arquitetônicos modernos por culturas construtivas informais no Brasil, documentando a incorporação da forma da coluna do Palácio da Alvorada (projeto de Niemeyer em Brasília, 1958) por uma série de modernismos anônimos e não oficiais espalhados pelo país afora.
O trabalho propõe a reprodução de cinco dessas colunas num tamanho aproximado com a suas escalas reais, adotando o valor de 3 metros como uma altura média. O falseamento de um certo peso e materialidade através do uso do isopor revestido com argamassa sugere uma arquitetura cênica, numa lógica muito própria tanto as colunas anônimas quanto aquelas desenhadas por Niemeyer, já que apesar do suposto funcionalismo moderno, ambas são pensadas quase que exclusivamente para fins ornamentais, “quase como uma decoração aposta”¹.
1. Segundo a análise de Bastos e Zein (2011), as colunas do Palácio da Alvorada sugerem sustentar a ampla cobertura do edifício permitindo um espaço amplo e flexível, no entanto, tratam de sustentar somente parte da carga da laje da galeria, enquanto o restante do Palácio estrutura-se de maneira independente. Assim, em um avesso do funcionalismo moderno e apesar do papel estrutural secundário, as colunas foram destacadas como principal elemento visual do Palácio, numa escolha deliberadamente formal.
(BASTOS, Maria Alice Junqueira; ZEIN, Ruth Verde. Brasil, Arquiteturas após 1950. São Paulo: Perspectiva, 2011).