Divino Sobral. 2024.
Paisagem aclimatada / Acclimatized Landscape
Paulo Tavares. 2024.
Forma Livre Fronteira / Form Free Border
Alice Heeren. 2023.
The Many Lives of Oscar Niemeyer’s Column.
Laura Vallés Vílchez. 2022.
Delfina Foundation.
Mateus Nunes. 2022.
Revista Celeste / Celeste Magazine.
Charlene Cabral. 2022.
Construção Brasileira / Brazil Builds.
Divino Sobral. 2021.
Excedente Monumental. Monumental Excess.
Dora Longo Bahia. 2020.
Prêmio EDP nas Artes / EDP Art Award.
Alysson Camargo. 2020.
As disputas de narrativas sobre a identidade brasileira.
The debate about the narratives on Brazilian identity.
Talles Lopes. 2024.
Engolindo o Velho Mundo / Swallowing the Old World.
Talles Lopes. 2024.
The other of the other - Archdaily.
Alysson Camargo
Brasil: As disputas de narrativas sobre a identidade brasileira nos trabalhos de Talles Lopes
Brazil: The debate about the narratives on Brazilian identity in the art of Talles Lopes
Brazil: The debate about the narratives on Brazilian identity in the art of Talles Lopes
O projeto artístico “Construção Brasileira: Arquitetura moderna e antiga” foi criado pelo artista Talles a partir da apropriação do nome “Brazil Builds”, que faz referência a um livro e exposição dedicados à arquitetura moderna brasileira, essa última, realizada no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), em 1943. O trabalho é resultado de uma longa pesquisa sobre a forma da coluna do Palácio da Alvorada (projeto de Oscar Niemeyer em Brasília, no ano de 1958) e como ela foi utilizada em outros estados brasileiros.
As narrativas sobre as possíveis identidades brasileiras são cercadas de símbolos e discursos, a própria construção de Brasília é um excelente exemplo do quão refinada pode ser a criação de um evento histórico, no qual alguns aspectos são enfatizados, enquanto outros são invisibilizados. Os trabalhos de Talles me lembram uma exposição especial que fui em 2019, chamada “Reintegração de Posse: narrativas da presença negra na história do Distrito Federal”.
O que mais me chamou a atenção nessa exposição foi a visibilidade de narrativas antes apagadas ou negadas, que agora disputam o seu lugar de presença na história por meio da pesquisa ativista. Assim como essa exposição, os trabalhos de Talles abrem um panorama para refletirmos sobre a identidade brasileira a partir da fragmentação, descentralização e do esgotamento das grandes narrativas nacionais. Esse ponto específico sobre a subversão da coluna da monumentalidade do projeto arquitetônico da capital ganha novas configurações nas diversas casas do interior do Brasil.
Penso também sobre a relação entre a incorporação desses símbolos exteriores nas pequenas cidades brasileiras e a constante desvalorização dos símbolos regionais. Há a necessidade de usar um regionalismo crítico, no sentido de acessar tecnologias modernas, mas sem perder as nossas origens regionais.
As narrativas sobre as possíveis identidades brasileiras são cercadas de símbolos e discursos, a própria construção de Brasília é um excelente exemplo do quão refinada pode ser a criação de um evento histórico, no qual alguns aspectos são enfatizados, enquanto outros são invisibilizados. Os trabalhos de Talles me lembram uma exposição especial que fui em 2019, chamada “Reintegração de Posse: narrativas da presença negra na história do Distrito Federal”.
O que mais me chamou a atenção nessa exposição foi a visibilidade de narrativas antes apagadas ou negadas, que agora disputam o seu lugar de presença na história por meio da pesquisa ativista. Assim como essa exposição, os trabalhos de Talles abrem um panorama para refletirmos sobre a identidade brasileira a partir da fragmentação, descentralização e do esgotamento das grandes narrativas nacionais. Esse ponto específico sobre a subversão da coluna da monumentalidade do projeto arquitetônico da capital ganha novas configurações nas diversas casas do interior do Brasil.
Penso também sobre a relação entre a incorporação desses símbolos exteriores nas pequenas cidades brasileiras e a constante desvalorização dos símbolos regionais. Há a necessidade de usar um regionalismo crítico, no sentido de acessar tecnologias modernas, mas sem perder as nossas origens regionais.
The artist Talles Lopes created the project “Brazil Builds: Architecture New and Old” by appropriating the name “Brazil Builds”. It refers to the book and the exhibition dedicated to Brazilian modern architecture that was staged at the Museum of Modern Art at New York (MoMA) in 1943. This work is a result of a long research about the ways the iconic form of the Alvorada Palace pillars (a project of Oscar Niemeyer in Brasília, 1958), was reused in various states of Brazil.
The narratives about the possible Brazilian identities are entrenched in symbols and discourses. The construction of Brasília itself is an example of how refined can be the construction of a historical event, in which some aspects are emphasized while others are made invisible. The works of Talles Lopes remind me of the exhibition “Repossession: narratives of the black presence in the history of the Federal District” that I visited in 2019.
What caught my attention the most in this exhibition was the ways that narratives erased or denied in the past, now claim a presence in public memory thanks to community-engaged scholars. Talles Lopes broadens the panorama permitting us to reflect on Brazilian identity, proceeding on a fragmentation, decentralization, and exhaustion of the main national narratives. In this respect, the monumentality of the Alvorada Palace pillar, a symbol of the federal capital’s architectural project, is deconstructed and replicated in houses in the interior of Brazil.
I also think about the relation between the incorporation of these architectural symbols in small Brazilian cities and the devaluation of regional symbols. There is a necessity to use critical regionalism, that will permit us to access modern technology, but without losing our regional origins.