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Brazilian Histories - MASP
Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Direção curatorial: Adriano Pedrosa e Lilia M. Schwarcz. 2022.
São Paulo Art Museum (MASP).
Curatorial direction: Adriano Pedrosa and Lilia M. Schwarcz. 2022.
Brazilian Histories. São Paulo Art Museum (MASP). 2022. Photo: Isabella Matheus.
Talles Lopes. Linear Underdevelopment. Watercolour and ink on paper. 61 x 61 cm. 2016 / Photo: Isabella Matheus.
Subdesenvolvimento Linear (2016) faz referência a dois mapas do Brasil, o primeiro deles foi elaborado como propaganda da política nacional da Marcha para o Oeste (1938) durante o governo Getúlio Vargas, influenciado pelo livro homônimo de Cassiano Ricardo, o programa voltou-se para o desenvolvimento e modernização do oeste do país através da migração de colonos e do avanço da fronteira agrícola.
Tal mapa é apresentado em forma de pôster trazendo a frase “O verdadeiro sentido de brasilidade é a marcha para o oeste” junto a um conjunto de setas que indicam um sentindo de colonização territorial que vai do litoral até o extremo oeste do Brasil. Assim, o mapa parece aludir a fabulação colonial do bandeirante que partia do litoral para explorar o interior do continente, substituindo a figura do colono pelo “trabalhador nacional”, representado nas caravanas e locomotivas presentes no mapa.
O segundo é o mapa Importação e Exportação (1955) presente no Atlas do Brasil, publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 1959 paralelamente a construção de Brasília. O mapa permite perceber uma concentração da compra e venda de diversos produtos e matérias-primas no litoral país, em contraponto a uma lacuna de informações sobre o interior do continente. Reiterando o discurso que propunha a construção de Brasília como solução da suposta inércia e improdutividade das áreas distantes do litoral.
“Subdesenvolvimento Linear” seleciona e sobrepõe elementos gráficos desses dois mapas, gerando uma nova cartografia. A suposta neutralidade do desenho técnico desses mapas simula uma fantasiosa unidade e harmonia do Estado-nação, ocultando os processos violência histórica articulados para a produção de um “sentido de brasilidade”. Dessa maneira, a obra propõe discutir as noções de desenvolvimentismo no brasil, que apesar de pautadas por uma modernização tecnicista atrelada a um ideal de desenvolvimento linear, tomaram a rudimentar mitologia colonial do bandeirante herói como enredo para seu empreendimento neocolonial.
Linear Underdevelopment (2021) makes reference to two maps of Brazil, the first of them was prepared as propaganda for the national policy of the March Westward (1938) during the Getúlio Vargas government (p.18), influenced by Cassiano Ricardo’s homonymous book, the program was focused on the development and modernization of the west of the country through the migration of settlers and the advancement of the agricultural frontier.
This map is presented as a poster with the sentence “The true meaning of Brazilianness is the march westward” (O verdadeiro sentido de brasilidade é a marcha para o oeste) and a set of arrows indicating the direction of colonization from the coast to the far west of Brazil. Thus, the map seems to allude to the narratives of colonial Brazil in which the coloniser (the “bandeirante”) left the coast to explore the interior of the continent, replacing the figure of the settler by the “national worker”, represented in the caravans and locomotives present on the map.
The second is the Import and Export map (1955) in the Atlas of Brazil, published by the IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics) in 1959 in parallel with the construction of Brasília. The map shows a concentration of buying and selling of various products and raw materials on the country’s coastline, as opposed to a lack of information on the interior of the continent. This reiterated the discourse that proposed the construction of Brasilia as a solution to the supposed inertia and unproductivity of areas far from the coast.
“Linear Underdevelopment” selects and superimposes graphic elements of these two maps, generating a new cartography. The supposed neutrality of the technical design of these maps simulates a fanciful unity and harmony of the nation-state, concealing the processes of historical violence articulated for the production of a “sense of Brazilianness”. In this way, the work proposes to discuss the notions of developmentalism in Brazil, which despite being guided by a technicist modernization linked to an ideal of linear development, took the rudimentary colonial mythology of the bandeirante hero as a plot for its neocolonial enterprise.